terça-feira, 9 de setembro de 2014

"Bye, bye, chupeta, não precisa voltar..."



Sobre o fim da fase oral: bye bye chupeta e mamadeira.



Sei que chupeta é sempre um assunto polêmico: tem quem condene, tem que defenda. Tem quem não se importe em ver o filho andar com chupeta pendurada na boca até 5, 6, 7 anos de idade. Tem que prefira que o bebê chupe o dedo. Tem quem faz peito de chupeta. O mundo é diverso e eu respeito a decisão de cada mãe. O que vou falar aqui é o que EU penso. Pus EU em letras maiúsculas e destacado para frisar bem que o que vou dizer aqui não é verdade absoluta e nem a única maneira correta de se pensar. Aliás, nem sei se é a maneira correta. Mas é como penso e ajo. Não estou ditanto regra nem julgando quem faz diferente. Mas, vamos lá, foco na chupeta. Ou na ausência dela.


A medicina já sabe que uma das fases da primeira infância é a fase oral. Todo bebê vai vivê-la. Isso quer dizer que eles necessitam descobrir o mundo pela boca. Se a gente reparar, eles amadurecem de cima pra baixo. A primeira coisa na vida que dominam é a boquinha. Ao nascer, a única coisa que os bebês sabem é sugar. Depois de um tempo, passam a sustentar pescoço. Depois conseguem ter alguma coordenação com as mãozinhas. Em seguida, dominam o tronco e se mantêm sentados por algum tempo. Depois conseguem algum domínio de pernas e engatinham. Só depois de tudo conseguem domínio para caminhar. E durante todo esse amadurecimento eles vivem a fase oral.

A fase oral precisa ser respeitada. A criança precisa sugar, seja a chupeta, seja o dedo, seja o peito da mãe. Muitas mães (e me incluo nesse grupo) optam pela chupeta. No início, minha filha não gostava de chupeta. Eu a colocava em sua boquinha e ela cuspia longe. Com alguns meses de vida, passou a aceitar. Mas eu sempre pensei na chupeta como um acessório que não precisava ser usado 24h por dia. Ela tinha meu peito, fazia de 6 a 8 refeições por dia (e cada mamada durava uma eternidade). Então não havia razão para usar chupeta nesses intervalos sem “motivo”. E o que eu chamo de motivo era: choro inconsolável, picadinha de vacina, não encontrar o caminho do sono... Minha filha  jamais brincou com chupeta na boca, jamais tomou banho com chupeta, jamais passeou feliz da vida com chupeta na boca. Não. Só usava quando "precisava". Acho que isso tornou o desapego mais fácil. Aliás, tenho absoluta certeza. Quando tinha 1 ano e 8 meses, ela simplesmente parou de pedir a chupeta para dormir. Eu não dava toda noite, não. Esperava ela pedir. Ela parou de pedir, eu parei de oferecer. Mas aí 2 semanas depois ela adoeceu, ficou muito abatida, não comia absolutamente nada. Nem água bebia. Então eu melava a chupeta no leite pra ver se ela se alimentava. Resultado: ela voltou a usar a plasticuda pra dormir. Tudo bem, eu dei sem remorso. Ela tinha 1 ano e 8 meses, ainda era um bebê e nunca usou com excesso.

Ao entrar no consultório do pediatra mês passado, na consulta de rotina dos 2 anos, ele (que me conhece desde que nasci, pois foi meu pediatra) fez os elogios de costume, se derreteu como sempre e disse: quer dizer que essa moça fez 2 anos ontem? E eu respondi: pois é, dr. X, deixou de ser bebê e passou a ser criança. E ele completou: essa era exatamente a frase que eu queria ouvir. Porque tem muita mãe que não entende e não aceita que existem as transições e a criança precisa amadurecer. E acaba dificultando tudo. Muitas vezes, a criança está pronta para seguir adiante, mas os pais, consciente ou inconscientemente, não querem que o filho cresça.

Tivemos uma conversa muito importante e esclarecedora sobre a chupeta e o fim da fase oral. A fase oral, como falei, deve ser vivida e respeitada. Mas como todas as fases da vida, ela tem um fim. E esse fim acontece em torno de 1 ano e 9 meses. Então percebi que minha filha largou a chupeta por conta própria um mês antes dessa idade. Ou seja, ela já estava sinalizando que estava pronta para deixar para trás essa etapa. Após essa idade (em torno de 1 ano e 9 meses), a criança não tem necessidade de sucção nem de descobrir o mundo pela boca. Claro que não é algo cronometrado: fez 1 ano e 9 meses e precisa imediatamente largar a chupeta. Não é assim, afinal não estamos falando de um cálculo matemático, exato. Por isso é que se dá uma “tolerância” de 3 meses, até a criança fazer 2 anos de idade. Conheço crianças que largam a chupeta, por conta própria, bem antes dos 2 anos. Segundo o pediatra (e segundo o que eu penso também), prolongar essa fase oral traz prejuízos para a criança. E o menor deles é a arcada dentária. Arcada se corrige com aparelho. Hoje em dia é a coisa mais fácil do mundo. O que é difícil corrigir mesmo é o prejuízo psicológico que a chupeta PODE trazer. Novamente usei letras maiúsculas para destacar o “pode”. O que vou falar aqui não é uma sentença, uma verdade exata. É uma possibilidade. Pode acontecer, pode não acontecer. Mas se tem chance de acontecer, eu evito. Não pago pra ver, ainda mais quando a “moeda” em questão é minha filha. Jamais. Se tem chance de dar errado, eu não arrisco. Então, o pediatra me mostrou um série de estudos que mostram estreita relação entre uso prolongado de chupeta e adultos inseguros e problemáticos. Ele disse que quanto mais se prolonga o uso da chupeta além dos 2 anos, maior é a probabilidade de se ter um adulto inseguro no futuro. Conversei com a psicóloga da escola da minha filha e procurei algumas referências sobre o assunto que reforçaram o que o pediatra disse. Aos 2 anos (na verdade, até antes disso) a criança não tem nenhuma, absolutamente nenhuma necessidade de sucção, portanto não tem necessidade de usar chupeta nem mamadeira. Prolongar a fase oral é como nadar contra a correnteza e querer lutar contra o amadurecimento natural da criança, que precisa aprender a se acalmar (caso a chupeta seja usada para esse fim) de outras formas. Cabe aos pais guiar os filhos na busca dessa nova forma de “consolo” para as frustrações da vidinha da criança. Dá trabalho? Lógico que dá. Existe alguma fase da vida de um filho em que mães e pais não tenham trabalho? Se tem, eu desconheço. Mas é preciso enfrentar. É mais fácil mesmo deixar a criança usar a chupeta por 3, 4, 5 anos e esperar que ela, por si só, queira deixar a chupeta de lado. Mas, na minha opinião, da mesma forma que um pai não permite que seu filho coma comida do chão porque faz mal, não deve deixar que a criança viva a fase oral tardia. Ou por acaso você espera que seu filho tenha compreensão de que o chão é sujo e até lá ele vai comer comida do chão? Claro que não. Você orienta porque sabe que isso é o certo. Por que não fazer o mesmo com a chupeta? Conheço pessoas que até começam o processo de retirada da chupeta, mas depois cedem aos apelos da criança. O pequeno chora, esperneia, os pais cedem e entregam a plasticuda calmante. A criança, claro, se acalma. No dia seguinte, tudo outra vez: chupeta desaparece, escândalo, chupeta renasce das cinzas. Imagina a confusão na cabeça dessa criança. Isso, sim, é traumático. Não seria mais fácil sentar e conversar com a criança, explicar que ela não precisa mais da chupeta? Ela pode até chorar um momento. É natural, né? Mas ela vai compreender. Os adultos, às vezes, subestimam a capacidade de entendimento dos pequenos.
Crianças com desenvolvimento cognitivo dentro do padrão, que nasceram a termo e que não tem deficiências psicológicas são, sim, capazes de compreender. O processo de “deschupetamento” é, às vezes, mais difícil para os pais do que para os filhos.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

É menino ou menina?



Na sala de espera para a consulta de pré-natal, as grávidas normalmente viram alvo de perguntas. Eu até gosto, ajuda a passar o tempo já que consulta com essa médica é sinônimo de tarde inteira de espera. E como minha GO está super-hiper-mega-ultra seletiva em aceitar pacientes de obstetrícia, sou praticamente a única grávida por lá. Ou seja, sou o alvo das perguntas da mulherada. A sabatina dessa vez foi o sexo do bebê. Quando falo que ainda não sei se espero menino ou menina, todo mundo me olha torto. “Como assim não deu pra ver ainda com essa barriga desse tamanho?” Quando digo minha idade gestacional, as fisionomias mudam. Percebo um olhar de compreensão misturado ao espanto de uma barriga de 6 meses em uma grávida de 3 meses. Depois de ouvir (sempre!) se espero gêmeos, logo alguém sugere o exame de sexagem fetal. Acho muito legal a ciência ter avançado ao ponto de nos permitir descobrir o sexo do bebê com quase 100% de certeza, a partir da 8ª semana de gestação. De verdade, acho isso fantástico, ainda mais sendo uma cientista. Mas EU (vejam bem, não estou ditando regra, só estou dizendo o que eu penso) prefiro esperar um pouco, até que se consiga ver no ultrassom o sexo do bebê. Se conseguir com 12 semanas, bem. Se não, tudo bem também. Quando o bebê quiser se mostrar, eu vejo. Enquanto não quiser, eu aguardo. Eu quero saber, mas não precisa pressa. Mas o que me intriga é algumas pessoas não compreenderem isso. Eu entendo quem não consegue controlar a ansiedade e quer saber o sexo do bebê logo que possível. Os motivos são os mais diversos: querer falar logo com o bebê pelo nome, querer comprar logo as roupinhas, saber logo se o bebê é a menina ou o menino que você já sonhava mesmo antes da concepção... Cada um com suas razões. Mas EU não vejo necessidade de saber imediatamente. Prefiro curtir o bebê simplesmente como bebê, curtir o início da gestação, a expectativa de saber quem vai chegar e desvendar o “mistério” quando o bebê achar que chegou a hora de acabar essa brincadeira de esconde-esconde. Acho legal me conectar, por um tempo, com esse amontoadinho de células que se transforma em uma pessoa sem saber se seu DNA carrega cromossomos XX ou XY. Em um mundo onde tudo é tão imediato, onde as coisas acontecem tão depressa, onde a informação viaja numa velocidade assustadora, não vejo problema em se esperar até 12, 13 ou 15 semanas para saber o sexo do meu filho. Ou da minha filha. “Nossa, que estranho, pois eu fiz sexagem fetal assim que me disseram que eu podia”. Não me acho estranha por recusar a sexagem fetal PRA MIM assim como não lhe acho estranha por fazer o exame. Na verdade, eu já sei quem mora aqui. Soube em um sonho, sem precisar de sexagem fetal, sem precisar de US, há bastante tempo atrás. Mas o mundo aí fora vai ter que aguardar um pouquinho ainda porque quero contar o sexo em uma surpresa pra todo mundo ao mesmo tempo :) Nesse mundo tão corrido, um teste de paciência assim até que cai bem. Risos...