Não sei quanto tempo durou o processo de desfralde. Tento (mas nem sempre consigo) não cronometrar o que diz respeito às minhas filhas. Tenho me libertado do relógio sempre que possível. Mas o que posso dizer é que em dezembro de 2013, com 1 ano e 4 meses de idade, minha filha já tinha noção das suas necessidades fisiológicas. Gravei bem o mês porque estávamos montando a árvore de Natal na casa da minha mãe quando minha filha disse:
- Mamãe, cocô.
Logo em seguida, ela se agachou num canto e eu só senti o cheirinho da obra depois. Mas como nós faríamos uma viagem em janeiro, resolvi não desfraldar. Imagina, viajar com um bebê de 1 ano e 5 meses em período de desfralde, passar 8h num avião, 20 dias tendo que usar banheiro público em restaurante, parque, aeroporto e durante o inverno? Sem condições. Ela continuou usando fraldas. Na escola onde ela estudava, o processo de desfralde coletivo só aconteceria no ano seguinte. Entendo e concordo com a escola. É inviável fazer desfralde individual. Se a turma toda está no mesmo processo é muito mais fácil, um ajuda o outro. Além disso, a sala está preparada com produtos de limpeza e panos de chão extras para limpar as eventuais escapadas e evitar escorregões. Pensei: "acho que vai ficar confuso ela usar fralda na escola e não usar em casa". Então vou esperar. Mas com o tempo, ela foi se chateando e pedindo para não usar fralda. Passei a deixá-la só de calcinha em casa nos fins de semana. E pedia para ela me avisar quando tivesse vontade de fazer xixi. Por várias vezes, ela falava "mamãããe, xixiiiiii" com o xixi já escorrendo pelas perninhas. Eu jamais briguei ou me mostrei insatisfeita. Pelo contrário. Dizia sempre: "Muito bem! Vamos tentar avisar um pouquinho antes da próxima vez?". Eventualmente ela conseguia avisar antes. Eventualmente, não. O sofá foi batizado algumas vezes. Hehehe... Faz parte. Quando isso acontecia, meu marido tentava tirar o excesso de xixi com uma toalha e, depois, usava um secador de cabelos. Um dia, ele colocou o secador muito próximo do assento e acabou queimando o tecido. Fez um buraquinho que está lá até hoje. Minha filha sempre olha e fala: "Papai, lembra que você fez um buraco aqui no sofá?" e mete o dedinho no buraco. Eu não fico chateada. O sofá foi caro, sim. Mas eu não iria proibir minha filha de sentar no sofá da própria casa, o sofá que ela tanto gosta. Acho que soaria como uma punição, sei lá. Quem frequenta minha casa sabe que, embora eu ensine minha filha a não riscar paredes, sofá e móveis, há diversas marquinhas de canetas e pingos de tinta no sofá, que escapam durante as brincadeiras. Faz parte, é nossa história marcada ali. Vivemos em um lar, não em um cenário de novela das 8. Depois, quando ela e a irmã estiverem maiores, eu mando cobrir o sofá ou compro um novo. Móvel a gente restaura, manda limpar, compra outro. Infância a gente não consegue restaurar. Mas voltando ao assunto, a cada dia que passava ela conseguia avisar que precisava ir ao banheiro antes do xixi ou do cocô escaparem. E quando ela conseguia fazer xixi no vaso era uma verdadeira festa. Eu e meu marido cantávamos, comemorávamos e eu dizia sempre que estava muito feliz e orgulhosa. Com o tempo, ela mesma perguntava, depois do xixi: "mamãe, você tá feliz e orgulhosa?". Risos... Comprei um redutor de assento de joaninha e ela adora, fica contando quantas joaninhas têm, quantas flores... Comprei também um penico todo bonitinho que toca até musiquinha, mas ela não deu muita bola. Se tiver usado umas 3 vezes foi muito.
Bom, mas aí ela mudou de escola no início do ano e a escola nova só faz o processo de desfralde no segundo semestre. Pensei: espero ou encaro? Seria muita novidade pra cabecinha dela? Escola nova, desfralde, irmãzinha chegando... Mas ela mesma estava ficando irritada de usar fralda. Depois que a irmã nasceu, ela dizia sempre: "eu não 'queio' 'falda', mamãe, eu não sou bebê". Resolvi então conversar na escola e explicar que ela já ficava sem fraldas nos fins de semana e à noite após chegar da escola. Tive o apoio das professoras, que foram muito atenciosas e receberam bem meu pedido. No primeiro dia dela sem fralda na escola, a mamãe exagerada aqui mandou 6 calcinhas, 2 shorts do uniforme da manhã e 3 shorts do turno da tarde. Voltaram somente 2 calcinhas na sacola de roupa usada: a calcinha que ela usou pra ir (que ela trocou no banho da manhã) e a que ela trocou no banho da tarde.