terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Banho de ofurô: relax total

O assunto de hoje é banho. Embora já tenhamos falado muito sobre esse assunto por aqui, tem novidade (pelo menos para mim) na área: banho de ofurô. Minha primeira filha usou somente banheira convencional. Lembro que achei o ofurô caro demais quando fui comprar seu enxoval. "Mais de R$ 100,00 por um balde de plástico? Não, usaremos banheira mesmo". Com minha caçula eu também não tinha grandes pretensões de usar ofurô, não. Aliás, não sei com vocês, mas eu relaxei muito mais com a segunda filha em termos de planejamento. Deixei as coisas fluírem, aproveitei praticamente tudo que ainda tinha da minha primeira filha. A banheira anterior eu já havia doado, mas uma amiga queridíssima me emprestou a banheira da filha dela. Uma banheira ótima, grande, confortável, bem equipada. Aceitei de bom grado. Aliás, adoro receber herança dos bebês dos outros. Risos... Mas aí, no dia que saí às compras de algumas coisinhas do enxoval que estavam faltando, me deparei com o ofurô por um preço maravilhoso. Não tenho certeza, mas acho que não paguei nem R$ 40,00 por ele. Decidi trazê-lo pra casa. Foi a melhor coisa que fiz.

Ofurô Plasútil.
Minha filha tomou seu primeiro banho molhado somente após o umbigo ter caído. Foi orientação do pediatra e eu segui direitinho. Antes disso, só tomou o chamado banho seco (algodão molhado em água morna). Segundo o pediatra, quando mais se molha o coto umbilical, mas ele pode demorar a cair ou ter algum tipo de infecção por não ter sido higienizado ou secado corretamente. Na dúvida, segui a recomendação médica. O primeiro banho molhado foi dado na banheira. Mas, como era de se esperar, minha filha não aprovou muito, não. Se sentiu perdida mesmo eu estando com ela no colo. Eu me molhei bastante justamente porque mantive ela colada em mim para que ela se sentisse mais acolhida e sem frio. No dia seguinte, resolvi testar o ofurô. A reação dela mudou da água pro vinho. Assim que ela foi submersa na água morninha, parou de chorar e relaxou. Relaxou tanto que soltou logo 3 puns seguidos. Risos... Foi maravilhoso. Com ela relaxada, pude banhá-la sem pressa. Passei sabonete na sua cabecinha, no corpinho... Não foi só ela que relaxou, não. Aliás, qual mãe não relaxa ao ver seu bebê tranquilo? Minha filha só chorou quando foi retirada do ofurô. Queria passar o dia na vida boa. Risos...

Assim como a banheira, o uso do ofurô requer alguns cuidados. O primeiro deles (e bastante óbvio, por sinal) é JAMAIS NUNCA DE FORMA ALGUMA deixar o bebê no ofurô sem supervisão e sem segurá-lo. As tragédias acontecem em questão de segundos. Então, atenção nunca é demais.
Base antiderrapante.

O ofurô que comprei tem capacidade para cerca de 17L de água. É bastante água. A recomendação é colocar um volume de água que permita que o bebê fique com os ombros submersos. Assim, ele sentirá menos frio, ficará mais confortável e poderá curtir melhor esse banho tão relaxante. 

Antes de cada uso, eu esterilizo o ofurô jogando água fervente dentro dele. Portanto, tive o cuidado de procurar um produto livre de bisfenol A (BPA free), livre de toxidade.
 
BPA free.

Outro fator que observei foi que as bordas do ofurô são arredondadas, evitando que o bebê se machuque. A base é antiderrapante, evitando deslizamentos. 


Não tem muito segredo para usar o ofurô. Basta colocar água numa temperatura agradável (em torno de 37º C), colocar o bebê dentro e curtir o relax. Algumas pessoas seguram o bebê pelo pescoço. Eu prefiro passar a mão por baixo das axilas da minha filha. Me sinto mais segura assim. Mas não tem receita nem manual, cada mãe-bebê devem encontrar a forma como se sentem mais confortáveis. 
Diferentes formas de se segurar o bebê no ofurô.

O modelo que comprei tem um grande adesivo na parte de trás com instruções importantes.







Outra dica importante: não esqueça de apoiar o ofurô numa superfície firme. Embora o bebê esteja sendo segurado por você, não dá para arriscar, né? Imagina o balde virando, a água toda derramando e, o pior, o risco de machucar o bebê? Eu acabei colocando o ofurô no chão mesmo. Me agacho e dou banho nela assim. 

Pra finalizar, uma foto da minha pequenininha curtindo seu banho super relaxante.



"Mamãe, esse tal de ofurô é legal mesmo. Relaxei tanto que fiquei zarolha". Risos...

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Descobrindo o sling

O título da postagem já fala por si só: estamos descobrindo o sling. Quem acha que segunda gravidez é igual à primeira, que não há mais novidades e que mãe de segunda viagem sabe tudo está redondamente, quadradamente, triangularmente e todas as formas geométricas, enganado. Por aqui, todo dia descubro algo novo com minha segunda filha. A lição de hoje foi aprender a slingar. Com minha filha mais velha, usei o canguru. Mas além dele não ser recomendado para bebês recém nascidos que ainda não sustentam a cabeça, o sling me parece mais confortável e acolhedor. Estou longe de ser uma profunda conhecedora do assunto, mas o pouco que sei e li me deu confiança para testar esse acessório. Aproveitei que hoje tinha coisa para fazer em casa e minha filha não estava muito afim de ficar no berço e resolvemos slingar. Usei o wrap sling, ou sling de amarração. O primeiro passo é aprender a amarrá-lo com segurança para o bebê ficar bem aconchegado. Uma amiga fez a gentileza de me emprestar um sling e me ensinar a utilizá-lo. Na internet é fácil encontrar instruções de como manusear os diferentes tipos de sling, seja o de amarração ou o de argola. Tentei reproduzir as instruções que minha amiga me passou, mas amarrei o sling mais frouxo do que deveria. Fiquei bem atenta para que minha filha ficasse confortável mesmo com o sling largo. Usamos por cerca de 1h e em casa. Como eu não ia caminhar muito, não vi problema do sling ficar frouxo. Mas, lembro que é importante que o sling fique bem ajustado para que o bebê fique seguro e não corra risco de se machucar. A foto abaixo mostra que minha filha aprovou o sling. Enquanto mamãe cozinhava e costurava, bebê curtiu uma soneca gostosa coladinha em mim. Acho que essa é a maior vantagem do sling: ter o bebê colado em você, sentindo sua temperatura e ouvindo seu coração ao mesmo tempo que você tem as mãos livres para fazer mil e uma coisas. As mães, especialmente aquelas sem empregada nem babá como eu, agradecem. 

  

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

O relato do NOSSO parto

Voltei! Depois de meses sumida, aqui estou. Peço perdão pela ausência. Não é fácil conciliar tantas coisas: filha, gravidez, marido, casa, trabalho, roupa, louça, comida e esse leriado todo que 90% das mulheres conhecem bem. Mas agora estou aqui, com menos tempo que antes e muito, muito, muuuuito mais feliz e completa. O motivo? Nasceu! Minha menina, minha benção, minha caçulinha. Nasceu da minha coragem, do meu medo, dos meus berros, das mordidas no braço do meu marido. Sem anestesia, com cesárea prévia, com hérnia de disco. Nasceu! E vim aqui compartilhar o relato do nosso parto.

Há 16 dias, eu estava revivendo a maior alegria da minha vida. Embora tenha sido meu segundo parto, foi um momento absolutamente ímpar. Não há como comparar os dois partos, não há como medir a emoção que senti naquele 17 de agosto de 2012 nem agora, dia 03 de fevereiro de 2015. Aliás, não conheço escala para medir emoção. Emoção a gente sente. E só.


Acordei bem e disposta no dia 03 de fevereiro. Assim como ocorreu na véspera do meu primeiro parto, fui deitar sem jantar. Não tinha fome. Na manha do dia 03, rotina normal: acordar filha mais velha, preparar seu café da manha enquanto ela grita do quarto "mamanhê, meu leite!", pôr o uniforme da escola, escovar dentes e todo aquele roteiro que as mães conhecem bem. Na hora de sair, minha filha pediu colo. Eu dei, mesmo já estando com 38 semanas e 3 dias de gestação. Quando a peguei no colo, imaginei que teria alguma consequência. Afinal, qualquer hora era hora. Mesmo assim, dei o colo que ela pediu. Quem é mãe sabe o quanto é difícil negar colo para um filho. E também nunca saberei se este fato teve alguma influência no parto. Enfim... 


Ela foi pra escola com meu marido e eu comecei a sentir um leve incômodo nas costas. Uma luzinha acendeu na minha cabeça. Decidi não tomar café da manhã. Preferi me deitar e observar. As contrações vinham e iam ainda meio descoordenadas. Comecei a marcar o tempo de duração das contrações e o intervalo entre elas. Percebi que, de fato, havia chegado a hora. Fui então recolocar as roupinhas da minha filha na bolsa, que eu havia tirado na véspera para ozonizar na máquina de lavar roupas. A cada roupinha que eu colocava na bolsa, as contrações vinham mais fortes. Liguei para meu marido. Ele estava naquele momento na fila de espera para autorizar minha internação para o parto. Falei, calmamente, que ele tentasse voltar para casa logo em seguida porque eu tinha entrado em trabalho de parto. Falei também com meu irmão, médico. Ele pediu para eu marcar o tempo de cada contração. Elas duravam, em média, 55 segundos e o intervalo entre elas era de cerca de 3 minutos. Ele disse que aparentemente pareciam mesmo contrações verdadeiras. Tomei um bom banho e foi impossível conter a emoção debaixo do chuveiro. Dentro de poucas horas, minha filha estaria comigo. Agradeci a Deus, pensei na minha filha mais velha na escola e as lágrimas rolaram novamente. Liguei para minha obstetra. Depois de algumas tentativas frustradas, enfim consegui contato. Ela me orientou a ir para a maternidade. 

No caminho, as contrações aumentaram consideravelmente. Perdi as contas de quantas vezes meu útero se contraiu no trajeto. Chegando à maternidade, percebi o quanto os hospitais e profissionais estão despreparados para lidar com esse processo tão natural e corriqueiro que é um parto. A impressão que tive foi que naquela maternidade só chegam mulheres com partos agendados. O recepcionista tremia feito vara verde e não conseguia sequer manusear o mouse para inserir meus dados no sistema. A cada contração que eu sentia, ele tremia na cadeira. Seria cômico se não fosse alarmante. Minutos depois uma funcionária apareceu informando que não havia leitos no hospital. A funcionária foi até atenciosa, contactou minha obstetra e, entre uma contração e outra, entendi que ficaríamos lá e o problema do leito seria resolvido. 

Subi numa cadeira de rodas para uma sala de pré operatório. Meu marido, irmão e cunhada (também médica) subiram comigo. Minha mãe e irmã ficaram aguardando na recepção do hospital. Logo que entrei na sala de pré operatório, fui orientada a vestir uma bata. Enquanto trocava de roupa, perdi o tampão. Ainda aguardei sentada na cadeira de rodas por algum tempo, o que não foi muito confortável. Em seguida, me pediram para deitar em uma maca. Não sei dizer quanto tempo fiquei deitada ali. Sei que minha cunhada e uma enfermeira de olhos cor de mel foram dois anjos. Massagearam minhas costas, emprestaram as mãos para eu apertar. Não sei como não quebrei a mão delicada e magra da minha cunhada. As contrações vinham cada vez mais fortes, em intervalos menores e durando mais tempo. Ouvi minha cunhada e meu irmão pedindo um médico para avaliar minha dilatação. Meu marido tentava contactar minha obstetra para colocá-la a par do processo. Algum tempo depois, uma obstetra me faz um exame de toque. Ela informa para as enfermeiras ao redor que estou com 8 cm de dilatação, mas no meio daquela dor lancinante eu entendi 2 cm. Ainda deu tempo de eu pensar "2 cm e essa dor infernal?" Em questão de segundos, mil pensamentos passam pela sua cabeça. Na hora, lembro de comparar com o trabalho de parto da minha primeira gestação: com 5 cm de dilatação daquela vez, a dor era perfeitamente suportável, então porque agora com 2 cm dói tanto?" Foi quando alguém perguntou de novo "quantos centímetros, doutora?" Ela repetiu: 8 cm com colo bem fino. Então pensei: "caramba, tô em pleno trabalho de parto e dilatei 8 cm em 2h!" Até então, eu tinha indicação médica de parto cesariana por causa da hérnia de disco na lombar, que resolveu dar o ar da graça logo no primeiro trimestre da minha primeira gestação. Apesar da hérnia, eu sempre quis um parto normal. Aliás, antes de engravidar eu já queria viver a experiência de dar à luz, de parir um filho eu mesma, de ser protagonista da minha história. Mas diante da provável complicação, acabei desistindo. Imagina aí: um bebê recém-nascido, uma filha de 2 anos e meio e uma hérnia de disco estourada? Essa conta não fecha. Só quem já sofreu com hérnia sabe o martírio que é. Fiquei meses de cama na minha primeira gestação, sem conseguir sentar nem andar. Fui obrigada a tirar licença do trabalho por 6 meses. Imagina aquele tormento de novo, mas agora com duas crianças dependentes de mim. Achei injusto também com meu marido, que teria que segurar as pontas em casa com uma mulher acamada e duas filhas pequenas. Achei que não valeria à pena correr o risco e me conformei. Talvez Deus não tivesse reservado para mim essa missão. Acredito que tudo acontece como tem que acontecer. E foi assim que pensei: se não é para ser, que não seja. Não ficarei de luto por um parto que não evoluiu como eu desejava. Eu estava bem tranqüila com relação a isso. 

Voltando às contrações, elas vinham e iam bem mais intensas e agora, além da dor na lombar, eu sentia também dor no abdômen e um movimento lá nos países baixos. Minha cunhada explicou que era a dilatação. Pedi algum tipo de anestesia ou ao menos algum alívio para a dor. Mas os profissionais repetiram diversas vezes que somente minha obstetra poderia conduzir o procedimento e ela ainda não havia chegado. Insisti que não daria tempo esperar. Percebi que eles concordavam comigo, realmente não daria tempo esperar, mas cumpriram o protocolo do hospital e não me aplicaram nenhum medicamento. Algum tempo depois, minha cunhada pediu para a obstetra do hospital me reavaliar. Ouvi quando a enfermeira disse que ela havia entrado numa cesariana. Falei quase gritando que minha filha ia nascer ali. A enfermeira me orientou a não fazer força. Mas era quase involuntário. Meu corpo fazia força quase sem eu querer e eu sentia que dentro de minutos, Alice nasceria. Não sei precisar quanto tempo passou, mas fui levada na maca onde eu estava para outra sala que me pareceu ser um centro cirúrgico. Foi difícil passar da maca para a mesa de cirurgia, dura e muito estreita. Assim que passei, virei de lado. A enfermeira me pediu para deitar com a barriga para cima, mas me sentia mais confortável deitada sobre meu lado esquerdo. Estava ali naquela sala, agora sem meu marido, irmão e cunhada. Mas vi os olhos cor de mel daquela enfermeira entre os vários rostos naquela sala e a reconheci. Pedi para ela ficar ao meu lado e apertei forte a mão dela a cada contração. Depois me dei conta de que, além de apertar a mão dela, eu mordi meu próprio braço esquerdo. Até hoje os hematomas não sumiram. Perguntei pelo meu marido e me informaram que ele estava logo atrás da porta. Pedi para ele entrar. Nesse intervalo, um anestesista apareceu ao meu lado e se apresentou. Pedi uma anestesia. Ele disse a frase que me impactou: "não há mais tempo para anestesia. Você vai ter seu bebê de parto normal". Minha ficha caiu ali. Eu queria anestesia, sim, mas queria mais ainda que minha filha nascesse de parto normal. Não sei explicar o que senti naquele momento. Sei que um torpor tomou conta do meu corpo. Eu tive medo. Medo de não conseguir, medo de ser fraca... Mas ao mesmo tempo, eu me senti uma leoa. Senti como se eu fosse a mais corajosa de todas as criaturas. É tudo tão intenso num parto natural que acho que você consegue viver todas as emoções do mundo em questão de segundos. Lembro de ter informado ao anestesista sobre a hérnia. Ele coçou a cabeça e disse: "uma hérnia? Sério?" E saiu com um ar tenso. Eu, na verdade, esqueci a bendita hérnia. Lembrava dela, mas esqueci que ela poderia sair com o esforço do parto. As dores eram tão intensas que eu só queria que minha filha nascesse, nem que depois eu ficasse aleijada. 

Perguntei novamente pelo meu marido e ouvi alguém responder que ele estava logo ali do lado de fora. Falei bem alto: "pois eu quero ele aqui dentro agora!". Depois vi que fui grosseira. Ou não. Era meu direito ter meu marido comigo. E ele veio. Se não fosse o braço dele me dando força, não sei se eu teria conseguido. Não só a força psicológica, mas a força física mesmo. Eu estava numa cama estreitíssima sem nenhuma alça para me apoiar e fazer força. Puxei tão forte o braço do meu marido que ele quase caiu em cima de mim. Puxei, arranhei, mordi... Eu realmente estava me comportando de forma animalesca. Entre uma contração e outra, consegui obedecer aos pedidos do anestesista e das enfermeiras para me posicionar melhor, de barriga para cima e com as pernas nas perneiras. Eles foram pacientes e esperaram eu me posicionar lentamente. Em nenhum momento fui contida ou amarrada como, infelizmente, acontece com muitas mulheres. Ouvi uma parteira ou enfermeira dizer para o anestesista que ele precisaria romper a bolsa. Ele novamente coçou a cabeça. Certamente fazia anos que ele não realizava um parto. Imagino o que deve ter se passado na cabeça dele: sou um anestesista e estou aqui fazendo o parto de uma paciente com hérnia discal. Ele olhou para um lado, olhou para o outro e disse: "é, vamos lá, vamos ter que fazer". Esperou a próxima contração e rompeu minha bolsa. O anestesista ficou banhado de líquido amniótico. A dor da contração virou fichinha perto da dor que senti nesse momento. Gritei alto. Tão alto que acho que toda a maternidade ouviu. Quando a dor passou, uma enfermeira veio até meu lado direito, bem perto do meu rosto e disse: "você precisa nos ajudar. Coloca o queixo no peito e faz força pra baixo. Seu bebê vai nascer". Eu ainda tentei ficar na posição que ela pediu, mas a hérnia não deixou. Segundos depois, uma contração violenta. Agarrei o braço do meu marido. E então eu fiz a maior força que fui capaz. Berrei: "Vem, Alice, veeeeem!" De repente, um alívio. Senti todas as minhas entranhas escorregando por entre as minhas pernas. Me calei e só ouvi o silêncio. A dor foi embora como um milagre. E então eu ouvi o som mais lindo de todo o universo: o choro da minha filha. A minha menina estava ali, em cima do meu peito, com os bracinhos abertos como se quisesse me abraçar. Logo ela parou de chorar. Ela estava quentinha e tinha a pele delicada. Analisei cada pedacinho dela, senti um cheirinho bom... Ficamos assim por um tempo que não sei mensurar. Parecia um milagre. Não havia mais dor, não havia mais medo. Eu tinha conseguido. Eu havia parido minha filha, minha caçula, na raça, no grito, sem anestesia. Foi o nosso parto, natural, sem intervenções, sem coadjuvantes. Fomos as protagonistas desse momento tão sublime. Deus me permitiu esse milagre.




"E aí você surgiu na minha frente
E eu vi o espaço e o tempo em suspensão
Senti no ar a força diferente
De um momento eterno desde então..."