segunda-feira, 1 de junho de 2015

Bye bye fraldas


E então, nos despedimos das fraldas. Agora temos uma menina que usa vaso sanitário e se orgulha de fazer xixi e cocô "no banheio", como ela diz. Eu sei que ela deixou de ser bebê há meses, quando completou 2 aninhos. Mas o fato dela ainda usar fraldas me dava a sensação de que eu tinha um bebê gigante em casa, especialmente quando ela vestia o pijama para dormir. Dar adeus às fraldas é dar o adeus definitivo ao bebezinho que cresceu num piscar de olhos; é dar as boas-vindas àquela criança que, cada vez mais, imita os adultos na forma de agir e de falar.

Não sei quanto tempo durou o processo de desfralde. Tento (mas nem sempre consigo) não cronometrar o que diz respeito às minhas filhas. Tenho me libertado do relógio sempre que possível. Mas o que posso dizer é que em dezembro de 2013, com 1 ano e 4 meses de idade, minha filha já tinha noção das suas necessidades fisiológicas. Gravei bem o mês porque estávamos montando a árvore de Natal na casa da minha mãe quando minha filha disse:

- Mamãe, cocô.

Logo em seguida, ela se agachou num canto e eu só senti o cheirinho da obra depois. Mas como nós faríamos uma viagem em janeiro, resolvi não desfraldar. Imagina, viajar com um bebê de 1 ano e 5 meses em período de desfralde, passar 8h num avião, 20 dias tendo que usar banheiro público em restaurante, parque, aeroporto e durante o inverno? Sem condições. Ela continuou usando fraldas. Na escola onde ela estudava, o processo de desfralde coletivo só aconteceria no ano seguinte. Entendo e concordo com a escola. É inviável fazer desfralde individual. Se a turma toda está no mesmo processo é muito mais fácil, um ajuda o outro. Além disso, a sala está preparada com produtos de limpeza e panos de chão extras para limpar as eventuais escapadas e evitar escorregões. Pensei: "acho que vai ficar confuso ela usar fralda na escola e não usar em casa". Então vou esperar. Mas com o tempo, ela foi se chateando e pedindo para não usar fralda. Passei a deixá-la só de calcinha em casa nos fins de semana. E pedia para ela me avisar quando tivesse vontade de fazer xixi. Por várias vezes, ela falava "mamãããe, xixiiiiii" com o xixi já escorrendo pelas perninhas. Eu jamais briguei ou me mostrei insatisfeita. Pelo contrário. Dizia sempre: "Muito bem! Vamos tentar avisar um pouquinho antes da próxima vez?". Eventualmente ela conseguia avisar antes. Eventualmente, não. O sofá foi batizado algumas vezes. Hehehe... Faz parte. Quando isso acontecia, meu marido tentava tirar o excesso de xixi com uma toalha e, depois, usava um secador de cabelos. Um dia, ele colocou o secador muito próximo do assento e acabou queimando o tecido. Fez um buraquinho que está lá até hoje. Minha filha sempre olha e fala: "Papai, lembra que você fez um buraco aqui no sofá?" e mete o dedinho no buraco. Eu não fico chateada. O sofá foi caro, sim. Mas eu não iria proibir minha filha de sentar no sofá da própria casa, o sofá que ela tanto gosta. Acho que soaria como uma punição, sei lá. Quem frequenta minha casa sabe que, embora eu ensine minha filha a não riscar paredes, sofá e móveis, há diversas marquinhas de canetas e pingos de tinta no sofá, que escapam durante as brincadeiras. Faz parte, é nossa história marcada ali. Vivemos em um lar, não em um cenário de novela das 8. Depois, quando ela e a irmã estiverem maiores, eu mando cobrir o sofá ou compro um novo. Móvel a gente restaura, manda limpar, compra outro. Infância a gente não consegue restaurar. Mas voltando ao assunto, a cada dia que passava ela conseguia avisar que precisava ir ao banheiro antes do xixi ou do cocô escaparem. E quando ela conseguia fazer xixi no vaso era uma verdadeira festa. Eu e meu marido cantávamos, comemorávamos e eu dizia sempre que estava muito feliz e orgulhosa. Com o tempo, ela mesma perguntava, depois do xixi: "mamãe, você tá feliz e orgulhosa?". Risos... Comprei um redutor de assento de joaninha e ela adora, fica contando quantas joaninhas têm, quantas flores... Comprei também um penico todo bonitinho que toca até musiquinha, mas ela não deu muita bola. Se tiver usado umas 3 vezes foi muito. 

Bom, mas aí ela mudou de escola no início do ano e a escola nova só faz o processo de desfralde no segundo semestre. Pensei: espero ou encaro? Seria muita novidade pra cabecinha dela? Escola nova, desfralde, irmãzinha chegando... Mas ela mesma estava ficando irritada de usar fralda. Depois que a irmã nasceu, ela dizia sempre: "eu não 'queio' 'falda', mamãe, eu não sou bebê". Resolvi então conversar na escola e explicar que ela já ficava sem fraldas nos fins de semana e à noite após chegar da escola. Tive o apoio das professoras, que foram muito atenciosas e receberam bem meu pedido. No primeiro dia dela sem fralda na escola, a mamãe exagerada aqui mandou 6 calcinhas, 2 shorts do uniforme da manhã e 3 shorts do turno da tarde. Voltaram somente 2 calcinhas na sacola de roupa usada: a calcinha que ela usou pra ir (que ela trocou no banho da manhã) e a que ela trocou no banho da tarde. 

O passo seguinte foi o desfralde fora de casa. Primeiro, resolvemos sair somente pela vizinhança com ela. Um certo dia, descemos com ela para andar pelo parque onde moramos e perguntei se ela queria fazer xixi antes de descer. Ela disse que não. Expliquei que não tinha banheiro na rua. Ela mudou de ideia, a levei ao banheiro e ela fez xixi certinho no vaso. No fim de semana seguinte, fomos à casa da minha sogra. Ela mora há uns 40 minutos da minha casa. Novamente, levei minha filha ao banheiro antes de sair e ela foi tranqüila no carro (meu marido que ficou tenso. Risos...). E foi sempre assim: avisamos que não tem banheiro no carro e ela precisa fazer xixi antes de sair. Ela faz e nós saímos tranqüilos. Na mochila dela, levo protetor de assento e um redutor de assento portátil que comprei fora do país. É maravilhoso, além de prático e higiênico. A marca é Ginsey. Ele é pequeno e cabe em qualquer bolsa. Vejam na foto que coloco minha mão como referência de tamanho. Ele tem três dobradiças e basta girá-las que o assento está montado. Há também borrachas que fixam o assento no vaso, evitando deslizamentos. O desfralde na rua tem essa complicação a mais: nem sempre se acha um banheiro limpinho. Então, quando ela precisa ir ao banheiro, eu visto o tampo do vaso com o protetor de assento (que se compra em qualquer farmácia) e, por cima, ponho o redutor portátil. Ainda levo lencinho umedecido na bolsa, tanto porque nem sempre há papel higiênico como também porque alguns são ásperos e de baixa qualidade. Ela estava oficialmente desfraldada durante o dia na primeira semana de fevereiro, a semana que a irmã nasceu. 




Com o nascimento da minha caçula, resolvemos não mexer no desfralde noturno. Quem tem recém nascido em casa sabe como as madrugadas são animadas. Tudo que não precisávamos naquele momento era uma menininha acordando de madrugada molhada. Três semanas após o desfralde diurno, minha filha mais velha contraiu bronquite. Ou seja, mais uma vez, adiamos o desfralde noturno. Não faço mudanças de rotina em períodos de doença, de forma alguma. Esperamos um tempo e comecei a perceber que a fralda dela já estava amanhecendo seca há um tempo. Dava até pena de jogar fora aquela fralda sequinha. Momento mamãe✋🏼 de 🐮. Risos... O desfralde noturno aconteceu quando minha filha decidiu que era a hora. Ela chegou um dia e disse:
- Mamãe, 'falda' é coisa de bebê.  Então eu sou 'quiança' de manhã e bebê de noite, é?
Ela me deu o sinal claro que eu precisava. E então, naquela noite mesmo, retirei a fralda noturna da minha ex-bebê. 

Não existe mágica para o sucesso do desfralde. Algumas crianças levam mais tempo, outras menos. Algumas desfraldam o xixi mas não conseguem desfraldar o cocô ao mesmo tempo. Outras desfraldam de uma vez, diurno e noturno. Cada família deve fazer o ajuste que encaixa melhor com as necessidades e o tempo da criança. O que eu fiz aqui que deu certo foi:
1. Observar que minha filha já tinha noção do que era xixi e cocô. 
2. Perceber que ela ficava incomodada com o cocô na fralda. 
3. Pedir para ela avisar antes de fazer xixi e cocô. 
4. Comprar um redutor de assento atraente para ela. 
5. O penico não deu certo aqui, mas algumas crianças gostam. 
6. Comemorar bastante cada xixi e cocô feitos no vaso. 
7. Jamais se mostrar chateada ou insatisfeita com xixi e cocô que escapam. 
8. Levar ao banheiro sempre antes de sair e de dormir. 
9. Ter uma opção de proteção de vaso sanitário e, se possível, assento redutor portátil, ao sair. 
10. Ter muita paciência, estar preparada para limpar muito xixi e cocô, não surtar com sofá e cama molhados e, acima de tudo, respeitar o tempo e o ritmo do seu filho.